Você ou seu filho só
lê murmurando?
Professor Guilherme Bonotto
É
comum, nas aulas em que o professor pede que cada aluno leia em silêncio o
texto do livro ou da apostila, que haja alguns que precisem – involuntariamente
– pronunciar baixinho o que estão lendo. Acontece assim também com adultos.
Então, vem aquele outro coleguinha do lado e diz: “professor, manda ele (a)
ficar quieto!” ou “professor, assim não consigo ler o meu”. Gente, explicarei
de forma bem simples. Quando passamos pelo processo de alfabetização, nas
séries ou ciclos iniciais, nossa leitura é alfabética, e nem sempre – comum – o
aluno entende o que está lendo, pois a memória está focada na tarefa da decodificação.
Com o tempo e treino, a decodificação é adquirida e a criança já consegue ter
acesso ao significado. Daí em diante, o processo vai se aperfeiçoando, e a
exposição gradual a textos faz a criança brincar e dar cambalhotas no
maravilhoso campo da semântica.
O
processo de decodificação fonológica ( ler pronunciando o que está lendo ) é
essencial para o desenvolvimento da leitura. É nessa fase, por exemplo, que o
bom professor identifica a dislexia. Já escutei professora (calma, não era do CEST) dizendo “na minha
aula, mando o aluno ler em voz alta para ver se está lendo bem, e corrijo as
palavras que ele errar.” Na verdade, quem deve ser corrigida é essa professora,
não é? A leitura em voz alta é um exercício fonológico, e não lexical. O aluno
necessita de escutar os agrupamentos silábicos, as sílabas mais fortes, as mais
fracas, os encontros vocálicos, consonantais e dígrafos. Imagine, nas séries
iniciais, a criança estar atenta a tudo isso e uma professora dizer assim:
“esse menino leu, mas não compreendeu a mensagem implícita no texto”! Claro,
professora! Um estágio de cada vez.
Então,
meu caro amigo internauta, se há pessoas, que até mesmo grandes, pronunciam
baixinho o que estão lendo, entre outros motivos, um deles é necessidade mesmo
de escutar as palavras, uma herança lá das séries iniciais que ele não largou
ainda por pouco ou deficiente treinamento que teve dos seus educadores.
Recomendo:
ROTTA, N. T.; OHLWEILER, L.; RIESGO, R. D. S.: Transtornos da aprendizagem –
Abordagem Neurobiológica e Multidisciplinar. ARTMED, Porto Alegre: 2006.
Recomendo
também: www.psicologiaeaprendizagem.com.br
Até
a próxima!
Professor Guilherme.
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